Por The Latin Mass Magazine - verão (nos EUA) de 2011
Traduzido do inglês da postagem de Peter Kwasniewski, no
Rorate Cæli - 20 de junho, 2015
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Obs.:
- TLM: traditional latin Mass (Missa tradicional latina [Missa tridentina])
- AVH: (Drª.) Alice Von Hildebrand
- Os destaques em negrito são de autoria da fonte. Os destaques sublinhados, são deste blog.
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Obs.:
- TLM: traditional latin Mass (Missa tradicional latina [Missa tridentina])
- AVH: (Drª.) Alice Von Hildebrand
- Os destaques em negrito são de autoria da fonte. Os destaques sublinhados, são deste blog.
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TLM: Drª von
Hildebrand, no momento em que o Papa João XXIII convocou o Concílio Vaticano
II, a senhora percebeu qualquer necessidade de uma reforma dentro da Igreja?
AVH: A maioria das percepções sobre isto vem do meu marido.
Ele sempre disse que os membros da Igreja, devido aos efeitos do pecado
original e pecado atual, estão sempre na necessidade de reforma. O ensinamento
da Igreja, no entanto, é de Deus. Não há nada a ser alterado ou considerado em
necessidade de reforma.
TLM: Em termos da
presente crise, quando a senhora percebeu que algo estava terrivelmente errado?
AVH: Foi em fevereiro
de 1965. Eu estava tendo um ano sabático em Florença. Meu marido estava
lendo um jornal teológico, e de repente eu o ouvi cair em prantos. Corri até
ele, temerosa de que seu coração lhe tinha causado dor de repente.
Perguntei-lhe se ele estava bem. Ele me
disse que o artigo que ele estava lendo o havia fornecido certa percepção de
que o diabo tinha entrado na Igreja. Lembre-se, meu marido foi o primeiro proeminente
alemão a falar publicamente contra Hitler e os nazistas. Suas idéias eram
sempre prescientes (de pressentimento).
[...]
TLM: Seu marido achava
que o declínio no sentido do sobrenatural começou em torno desse tempo, e em
caso afirmativo, como ele explica isso?
AVH: Não, ele acreditava que após a condenação de Pio X da
heresia do Modernismo, seus proponentes simplesmente passaram à
clandestinidade. Ele dizia que, depois, eles fizeram uma abordagem muito mais
sutil e prática. Eles espalharam dúvida simplesmente levantando questões sobre
as grandes intervenções sobrenaturais em toda a história da salvação, como o
nascimento virginal e a virgindade perpétua de Nossa Senhora, bem como a
Ressurreição e a Sagrada Eucaristia. Eles (os modernistas) sabiam que uma vez que a fé - a
fundação - cambaleia, a liturgia e os ensinamentos morais da Igreja iriam
seguir o exemplo. Meu marido intitulou um de seus livros de “A Vinha Devastada”. Depois do Vaticano
II, um tornado parecia ter atingido a Igreja. ... A aversão ao sacrifício e redenção ajudou na secularização da
Igreja a partir de dentro. Temos ouvido por muitos anos de sacerdotes e bispos
sobre a necessidade de a Igreja adaptar-se ao mundo. Grandes papas, como São
Pio X disse exatamente o oposto: o mundo deve adaptar-se à Igreja.
[...]
[...]
Houve dois livros publicados na Itália nos últimos anos que
confirmam o que o meu marido vinha suspeitando há algum tempo; ou seja, que
tenha havido uma infiltração sistemática da Igreja pelos inimigos diabólicos por
muito deste século. Meu marido era um homem muito sanguíneo e otimista por
natureza. Durante os últimos dez anos de sua vida, no entanto, eu o testemunhei
muitas vezes em momentos de grande tristeza, e freqüentemente repetindo: "Eles profanaram a Santa Noiva de Cristo”.
Ele estava se referindo à "abominação da desolação" de que o profeta
Daniel fala*.
TLM: Esta é uma
admissão crítica, Drª von Hildebrand. Seu marido havia sido chamado de um Doutor
do século XX da Igreja pelo Papa Pio XII. Se ele se sentia tão fortemente, não
tinha ele acesso ao Vaticano para dizer ao Papa Paulo VI de seus medos?
AVH: Mas ele fez! Jamais
esquecerei a audiência privada que tivemos com Paulo VI logo antes do final do
Concílio. Foi em 21 de junho de 1965. Assim que meu marido começou a apelar
para que ele condenasse as heresias que estavam desenfreadas, o Papa
interrompeu-o com as palavras, "Lo
scriva, lo scriva." ("Escreva, escreva") Alguns momentos depois, pela segunda vez, meu
marido esboçou a gravidade da situação para o conhecimento do Papa. A mesma
resposta. Sua Santidade nos recebeu em pé. Ficou claro que o Papa estava se
sentindo muito desconfortável. A audiência durou apenas alguns minutos. Paulo
VI deu imediatamente um sinal ao seu secretário, Pe. Capovilla, para nos trazer
rosários e medalhas. Então voltamos a Florença onde meu marido escreveu um longo documento (não publicado hoje) que foi
entregue a Paulo VI justamente um dia antes da última sessão do Concílio.
Era setembro de 1965. Depois de ler o documento do meu marido, ele [o papa]
disse ao sobrinho do meu marido, Dieter Sattler, que havia se tornado o
embaixador alemão junto à Santa Sé, que ele
tinha lido o documento cuidadosamente, mas que "era um pouco duro". A razão era óbvia: meu marido tinha
humildemente solicitado uma clara condenação das afirmações heréticas.
TLM: Você percebe, é
claro, Doutora, que, assim como você menciona essa ideia de infiltração, há aqueles que reviram os olhos em exasperação e dizem "Mais uma teoria da
conspiração, não".
AVH: Eu só posso dizer o que eu sei. É uma questão de
registro público, por exemplo, que Bella Dodd, a ex-comunista que se reconverteu
à Igreja, falou abertamente da deliberada infiltração de agentes do Partido
Comunista nos seminários. Ela disse ao meu marido e a mim que quando ela era
membro ativa do partido, ela havia lidado com nada menos do que quatro cardeais
dentro do Vaticano "que estavam
trabalhando para nós”.
Muitas vezes eu ouvi americanos dizerem que os europeus "cheiram conspiração onde quer que
vão." Mas desde o início, o
Maligno tem "conspirado" contra a Igreja - e sempre procurou em
particular destruir a Missa e minar a crença na Real Presença de Cristo na
Eucaristia. Que algumas pessoas são tentadas a ignorar esse fato inegável
fora de proporção não é razão para negar sua realidade. Por outro lado, eu, nascida Europeia, sou tentada a dizer
que muitos americanos são ingênuos; vivendo
em um país que tem sido abençoado por paz, e sabendo pouco sobre a história,
eles são mais propensos do que os europeus (cuja história é tumultuada) a serem
vítimas de ilusões. Rousseau teve uma enorme influência nos Estados Unidos.
Quando Cristo disse aos Seus Apóstolos na Última Ceia que "um de vós irá me trair", os apóstolos ficaram
atordoados. Judas jogou tão ardilosamente que ninguém suspeitou dele, pois um
conspirador astuto sabe como cobrir seus rastros com um show da ortodoxia.
TLM: Os dois livros
pelo padre italiano que você mencionou antes da entrevista contém documentação
que provaria esta infiltração?
AVH: Os dois livros que mencionei foram publicados em 1998 e
2000 por um padre italiano, Dom Luigi Villa da diocese de Brescia, que a pedido
do Padre Pio dedicou muitos anos de sua vida à investigação da possível
infiltração de ambos os maçons e comunistas dentro da igreja. Meu marido e eu
conhecemos Dom Villa na década de sessenta. Ele afirma que não faz qualquer
declaração que ele não possa comprovar. Quando (o livro) “Paulo Sexto, Beato?” (1998) foi publicado, o livro foi enviado a
cada bispo italiano. Nenhum deles reconheceu o recebimento; nenhum deles
desafiou as alegações de Dom Villa.
Neste livro, ele relata algo que nenhuma autoridade
eclesiástica refutou nem pediu para ser retratado - mesmo ele nomeando
personalidades particulares no que diz respeito ao incidente. Compete ao racha
entre o Papa Pio XII e o então Bispo Montini (futuro Papa Paulo VI) que era seu
subsecretário de Estado. Pio XII, consciente da ameaça do comunismo, que no
rescaldo da II Guerra Mundial havia dominando quase metade da Europa, tinha
proibido os funcionários do Vaticano de lidarem com Moscou. Para sua decepção,
ele foi informado um dia através do Bispo de Upsala (Suécia) de que sua ordem
estrita havia sido violada. O Papa resistiu dando crédito a esse rumor até que a ele foram dadas provas incontestáveis
de que Montini tinha se correspondido com várias agências soviéticas.
Enquanto isso, o Papa Pio XII (como tinha feito Pio XI) havia enviado
sacerdotes clandestinamente à Rússia para dar conforto aos católicos por trás
da Cortina de Ferro. Cada um deles tinha sido sistematicamente preso, torturado
e executado ou enviado para o gulag**.
Eventualmente, uma toupeira no Vaticano foi descoberta: Alighiero Tondi, SJ,
que era um conselheiro próximo de Montini. Tondi era um agente trabalhando para
Stalin cuja missão era manter Moscou informada sobre as iniciativas tais como o
envio de sacerdotes para a União Soviética.
Adicione a isso o tratamento do Papa Paulo ao Cardeal
Mindszenty. Contra sua vontade, Mindszenty foi ordenado pelo Vaticano a deixar
Budapeste. Como quase todos sabem, ele havia escapado dos Comunistas e buscou
refúgio na embaixada americana. O Papa havia lhe dado sua promessa solene de
que ele permaneceria primaz da Hungria enquanto ele vivesse. Quando o cardeal
(que havia sido torturado pelos Comunistas) chegou a Roma, Paulo VI abraçou-o
calorosamente, mas, em seguida, o enviou para o exílio em Viena. Pouco tempo
depois, este santo prelado foi informado de que havia sido rebaixado e
substituído por alguém mais aceitável para o governo comunista húngaro. Mais
intrigante e tragicamente triste, é o fato de que, quando Mindszenty morreu,
nenhum representante da Igreja esteve presente no seu enterro.
Outra das ilustrações de Dom Villa da infiltração é um relacionado
a ele pelo Cardeal Gagnon. Paulo VI tinha pedido a Gagnon para encabeçar um
inquérito sobre a infiltração da Igreja por inimigos poderosos. Cardeal Gagnon
(na época um Arcebispo) aceitou essa tarefa desagradável, e compilou um longo
dossiê, rico em fatos preocupantes. Quando o trabalho foi concluído, ele
solicitou uma audiência com o Papa Paulo, a fim de entregar pessoalmente o
manuscrito para o Pontífice. O pedido de reunião foi negado. O Papa mandou
dizer que o documento deveria ser colocado nos escritórios da Congregação para
o Clero, especificamente em um cofre com um bloqueio duplo. Isso foi feito, mas
no dia seguinte o cofre foi quebrado e o manuscrito desapareceu
misteriosamente. A política usual do Vaticano é certificar-se de que a notícia
de tais incidentes nunca veja a luz do dia. No entanto, este roubo foi
noticiado até no L'Osservatore Romano (talvez sob pressão porque isso tinha
sido noticiado na imprensa secular). Cardeal Gagnon, é claro, tinha uma cópia,
e novamente solicitou ao papa uma audiência privada. Mais uma vez seu pedido
foi negado. Ele então decidiu deixar Roma e retornar à sua terra natal, no
Canadá. Mais tarde, ele foi chamado de volta a Roma pelo Papa João Paulo II e
feito cardeal.
TLM: Por que Dom Villa
escreveu essas obras em particular criticando Paulo VI?
AVH: Don Villa relutantemente decidiu publicar os livros aos
quais aludi. Mas quando vários bispos empurraram a beatificação de Paulo VI,
este sacerdote percebeu que era uma convocação para imprimir a informação que
ele havia reunido ao longo dos anos. Ao fazê-lo, ele estava seguindo as
orientações de uma Congregação Romana, informando aos fiéis que era seu dever como
membros da Igreja transmitir à Congregação qualquer informação que poderia vir
a obstar as qualificações do candidato para a beatificação.
Considerando o
pontificado tumultuoso de Paulo VI, e os sinais confusos que ele estava dando,
por exemplo: o falar sobre a "fumaça de Satanás que tinha entrado na
Igreja", mas recusando-se a condenar oficialmente as heresias; a
promulgação da ‘Humanae Vitae’ (a
glória de seu pontificado), mas seu cuidado em evitar proclamar isso ex cathedra; entregando seu Credo do Povo de Deus, na Piazza San
Pietro em 1968, e mais uma vez não declarando obrigatório a todos os
católicos; desobedecendo as ordens estritas de Pio XII de não ter nenhum
contato com Moscou e apaziguando o governo comunista húngaro ao renegar a
promessa solene que havia feito ao Cardeal Mindszenty; seu tratamento do santo
Cardeal Slipyj, que passou 17 anos em um Gulag,
apenas para ser feito prisioneiro virtual no Vaticano por Paulo VI; e,
finalmente, solicitando ao Arcebispo Gagnon para investigar a possível
infiltração no Vaticano, apenas para recusá-lo uma audiência quando o trabalho
fosse concluído - tudo isso fala fortemente contra a beatificação de Paolo VI,
apelidado em Roma, "Paolo Sesto, Mesto" (Paulo VI, o triste). ...
Só Deus é o juiz de Paulo VI. Mas não se pode negar que seu pontificado foi muito complexo e trágico. Foi
sob ele que, no decurso de 15 anos, mais mudanças foram introduzidas na Igreja
que em todos os séculos anteriores combinados. O que é preocupante é que
quando lemos o testemunho de ex-comunistas como Bella Dodd, e estudamos
documentos maçônicos (que datam do século XIX, e geralmente escritos por
sacerdotes dissidentes como Paul Roca), podemos ver que, em grande medida, a
agenda (maçônica) foi realizada: o êxodo de sacerdotes e freiras após o
Vaticano II, teólogos dissidentes não censurados, o feminismo, a pressão sobre
a Roma para abolir o celibato sacerdotal, imoralidade no clero, liturgias blásfemas
(ver o artigo de David Hart em First Things, abril de 2001, "O Futuro do
Papado"), as mudanças radicais que foram introduzidas na sagrada liturgia
(ver livro Milestones do Cardeal
Ratzinger, pp. 126 e 148), e um ecumenismo enganador. Só um cego poderia negar que muitos dos planos do Inimigo têm sido
perfeitamente realizados.
* Daniel IX, 27 (mencionado em S. Mateus XXIV, 15);
** Campos de trabalho forçado criados na União Soviética (URSS), após a Revolução Comunista de 1917 para abrigar criminosos e opositores do Estado.
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Comentário do blog:
** Campos de trabalho forçado criados na União Soviética (URSS), após a Revolução Comunista de 1917 para abrigar criminosos e opositores do Estado.
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Comentário do blog:
Dietrich von Hildebrand foi um filósofo e teólogo alemão,
nascido em Florença na Itália em 11 de outubro de 1889. Faleceu em 26 de
janeiro de 1977.
De origem protestante, se converteu ao catolicismo em 1914 e era filho do respeitado escultor alemão, Adolf von Hildebrand.
Sendo opositor de Hitler, teve que refugiar-se na Áustria onde fundou um jornal antinazista e cristão chamado ‘Christliche Ständestaat’ (‘O Estado Corporativo Cristão’ em alemão) que o levou a ser novamente perseguido pelos nazistas após estes anexarem a Áustria em 1938. Em virtude disso teve novamente que fugir. Ficou alguns meses nas montanhas suíças, em seguida indo para a França. Novamente foi obrigado a fugir em virtude na invasão nazista na França onde conseguiu escapar com sua família para Portugal, depois para o Brasil e finalmente para Nova York nos Estados Unidos onde passou o restante da sua vida, primeiramente com sua esposa Margaret Denck que veio a falecer em 1957 e depois com a também teóloga e filósofa católica Alice, com quem veio a se casar dois anos após o falecimento da sua primeira esposa Margaret.
De origem protestante, se converteu ao catolicismo em 1914 e era filho do respeitado escultor alemão, Adolf von Hildebrand.
Sendo opositor de Hitler, teve que refugiar-se na Áustria onde fundou um jornal antinazista e cristão chamado ‘Christliche Ständestaat’ (‘O Estado Corporativo Cristão’ em alemão) que o levou a ser novamente perseguido pelos nazistas após estes anexarem a Áustria em 1938. Em virtude disso teve novamente que fugir. Ficou alguns meses nas montanhas suíças, em seguida indo para a França. Novamente foi obrigado a fugir em virtude na invasão nazista na França onde conseguiu escapar com sua família para Portugal, depois para o Brasil e finalmente para Nova York nos Estados Unidos onde passou o restante da sua vida, primeiramente com sua esposa Margaret Denck que veio a falecer em 1957 e depois com a também teóloga e filósofa católica Alice, com quem veio a se casar dois anos após o falecimento da sua primeira esposa Margaret.
Foi autor de vários livros e um dos fundadores da 'Una Voce America', uma federação internacional de associações dedicada à preservação da
Missa de São Pio V (missa tridentina) e restauração do uso do latim, canto
gregoriano e a polifonia sacra na liturgia católica.
S.S. Pio XII chamava Dietrich de o Doutor da Igreja do Século XX.
Em 2000, sua esposa Drª Alice von Hildebrand lançou o livro "The Soul of a Lion: The Life of Dietrich von Hildebrand" (A Alma de um Leão: A Vida de Dietrich von Hildebrand) pela editora Ignatius Press sobre a vida de seu marido.
S.S. Pio XII chamava Dietrich de o Doutor da Igreja do Século XX.
Em 2000, sua esposa Drª Alice von Hildebrand lançou o livro "The Soul of a Lion: The Life of Dietrich von Hildebrand" (A Alma de um Leão: A Vida de Dietrich von Hildebrand) pela editora Ignatius Press sobre a vida de seu marido.
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