A Assunção da Virgem Maria (Peter Paul Rubens, 1625) |
A 15 de agosto, é celebrada pela
Igreja a Festa da Assunção da Bem-aventurada Virgem Maria.
Tendo sido terminado Seu tempo na
Terra, a sempre Virgem Maria, Mãe de Deus e concebida sem pecado, foi assunta
(levada) de corpo e alma ao Céu. Desse modo, assim como Seu Filho, Nosso Senhor
Jesus Cristo, Ela foi preservada da corrupção do sepulcro, vencendo a morte,
onde já desfruta da glória celeste.
Já se cria na Assunção de Nossa
Senhora pelo menos desde o século V, mas somente no século VII a celebração
da Assunção da Virgem Maria foi introduzida na Igreja pelo então Papa São Sérgio I (687-701),
mas como Dormição de Nossa Senhora. No século VIII quando a festa já era
celebrada com o nome de assunção, o Papa São Leão IV a oficializou no
calendário da Igreja.
Mas, somente durante o
pontificado do Venerável Pio XII (1939-1958) a Assunção de Maria foi elevada a
uma verdade de Fé.
Como afirmou o próprio Pio XII, há
muito já havia sendo pedida à Sé Apostólica que se proclamasse o dogma da
Assunção; pedidos que partiam de várias partes do mundo, tanto da parte de leigos
como do clero. No próprio Concílio Vaticano I (1869-1870) alguns padres já
haviam feito essa petição. Em virtude disso, teólogos começaram a se dedicar ainda
mais nos estudos relacionados à Assunção; realizaram-se congressos marianos e
até mesmo cruzadas de orações foram feitas.
Dados os pedidos e a importância dessa questão, no dia 1 de maio de 1946, o Papa dirigiu ao episcopado a carta encíclica “Deiparæ Virginis Mariæ” rogando a estes que manifestassem suas opiniões acerca da proclamação do dogma, com a seguinte pergunta: “E, sobretudo, desejamos vivamente conhecer se vós, veneráveis irmãos, julgais, segundo a vossa sabedoria e prudência, que a assunção corporal da bem-aventurada Virgem Maria pode ser proposta e definida, e se o desejais ansiosamente com o vosso clero e povo”.
Dada à quase unanimidade na
resposta afirmativa dos bispos, então no Jubileu do ano santo de 1950, no dia 1
de novembro, o Venerável Pio XII definiu de forma solene, ex catedra, em sua Constituição Apostólica “Munificentissimus Deus”(Generoso Deus) o dogma da Assunção de
Nossa Senhora ao Céu.
Assim definiu solenemente o
Venerável Papa:
Proclamação do dogma da Assunção pelo Papa Pio XII |
"Pelo que, depois
de termos dirigido a Deus, repetidas súplicas, e de termos invocado a paz do
Espírito de verdade, para glória de Deus onipotente que à virgem Maria concedeu
a sua especial benevolência, para honra do seu Filho, Rei imortal dos séculos e
triunfador do pecado e da morte, para aumento da glória da sua augusta mãe, e
para gozo e júbilo de toda a Igreja, com a autoridade de nosso Senhor Jesus
Cristo, dos bem-aventurados apóstolos S. Pedro e S. Paulo e com a nossa, pronunciamos,
declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado que: a imaculada Mãe de
Deus, a sempre virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta
em corpo e alma à glória celestial.” (Pio XII, ‘Munificentissimus Deus’, n.44)
Sendo assim, é dogma, portanto verdade
absoluta de Fé, de crença obrigatória e incontestável, que a sempre virgem Maria,
Mãe de Deus, foi levada de corpo e alma ao Céu.
A declaração de Pio XII não especifica se a
Mãe de Nosso Senhor morreu ou se Ela apenas “dormiu” (de onde vem o termo
“dormição”que ainda é usado no Oriente).
Não entrando nessa discussão de como
terminou a passagem de Maria na Terra, o que ainda é discutido entre os
teólogos, a proclamação do Papa limitou-se àpenas afirmar o que sempre foi
crido pela Igreja, de que após o fim do Seu tempo na Terra, a Mãe de Deus foi
assunta de corpo e alma ao Céu. Com isso, foi determinado o quarto dogma
mariano.
Antes, em 8 de dezembro de 1854,
o Papa Pio IX através da sua bula “Ineffabillis Deus” (Deus inefável) proclamou
o terceiro dogma mariano, o da Imaculada Conceição, o qual afirma que a Santíssima Virgem Maria, já
no primeiro instante da Sua concepção foi preservada imune de toda mancha de
pecado original.
O segundo dogma refere-se
à virgindade perpétua de Maria. Um exemplo do uso da crença nesse dogma, é a referência feita à perpétua virgindade de Maria no missal da Missa de sempre
(Missa tridentina), na oração do ‘Confiteor’: "Confiteor
Deo omnipotenti, beatæ Mariæ semper Virgini, ...” (Confesso a
Deus todo-poderoso, à bem-aventurada sempre
Virgem Maria, ...).
O primeiro dogma referente à Virgem Maria, foi determinado no Concílio de Éfeso (431), onde foi atribuído à Maria, o título de “Theotokos”,
do grego, que significa Mãe de Deus. Sendo Cristo homem, mas também Deus, Sua
santa Mãe então também é Mãe de Deus. Isso confirmou a dupla natureza de Cristo:
humana e divina inseparavelmente.
Assim, são estes os atuais dogmas
marianos:
Maria, Mãe de Deus (Theotokos);
Virgindade perpétua de Maria;
Imaculada Conceição de Maria;
Assunção de Maria ao Céu em corpo e alma.
Cerimônia de proclamação do dogma da Assunção de Nossa Senhora |
Além de estudos teológicos e referências nas Sagradas Escrituras, Pio XII também menciona em sua Carta Apostólica como base para a proclmação do dogma, o que já diziam sobre o assunto, alguns dos veneráveis santos da Igreja:
"Convinha que aquela que no parto manteve ilibada virgindade conservasse o corpo incorrupto mesmo depois da morte. Convinha que aquela que trouxe no seio o Criador encarnado, habitasse entre os divinos tabernáculos. Convinha que morasse no tálamo celestial aquela que o Eterno Pai desposara. Convinha que aquela que viu o seu Filho na cruz, com o coração traspassado por uma espada de dor de que tinha sido imune no parto, contemplasse assentada à direita do Pai. Convinha que a Mãe de Deus possuísse o que era do Filho, e que fosse venerada por todas as criaturas como Mãe e Serva do mesmo Deus."
(São João Damasceno, "Encomium in Dormitionem Dei Genetricis semperque Virginis Mariae", hom. II, 14)
(São João Damasceno, "Encomium in Dormitionem Dei Genetricis semperque Virginis Mariae", hom. II, 14)
"Vós, como está escrito, aparecestes 'em beleza'; o vosso corpo virginal é totalmente santo, totalmente casto, totalmente domicílio de Deus de forma que até por este motivo foi isento de desfazer-se em pó; foi, sim, transformado, enquanto era humano, para viver a vida altíssima da incorruptibilidade; mas agora está vivo, gloriosíssimo, incólume e participante da vida perfeita."
(São Germano de Constantinopla, "In Sanctae Dei Genitricis Dormitionem", sermo 1)
"Quem há, pergunto, que possa pensar que a arca da santidade, o domicílio do Verbo, o templo do Espírito Santo tenha caído em ruínas? Horroriza-se o espírito só com pensar que aquela carne que gerou, deu a luz, alimentou e transportou a Deus, se tivesse convertido em cinza ou fosse alimento dos vermes."
(São Roberto Belarmino, "Conciones habitae Lovanii", concio 40: "De Assumptione B. Mariae Virginis")
"Que filho haveria, que, se pudesse, não ressuscitava a sua mãe e não a levava para o céu?"
(São Francisco Sales, "Sermon autographe pour la fête de l'Assomption")
"Jesus não quis que o corpo de Maria se corrompesse depois da morte, pois redundaria em seu desdouro que se transformasse em podridão aquela carne virginal de que ele mesmo tomara a própria carne."
(Santo Afonso Maria de Ligório, "As glórias de Maria", parte II, disc. 1)
"Esta opinião é admitida há vários séculos e tão impressa na alma dos fiéis, é tão recomendada pela Igreja, que quem negasse a assunção ao céu do corpo de Maria santíssima nem sequer seria ouvido com paciência, mas seria vaiado como pertinaz, ou mesmo temerário, e imbuído mais de espírito herético do que católico."
(São Pedro Canísio, "De Maria Virgine")
Abaixo, um trecho da filmagem da época, com a proclamação do dogma da Assunção de Nossa Senhora:
Salve sempre virgem Maria, Mãe de Deus e nossa, concebida sem pecado, assunta de corpo e alma, Rainha do céu e da terra!
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