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terça-feira, 1 de novembro de 2016

A urgência da oração pelos pobres defuntos


Como explica o Catecismo de São Pio X [1], as almas daqueles que foram salvos encontram-se uma parte no Céu onde formam a Igreja triunfante e a outra parte no Purgatório onde formam a Igreja padecente. Os fiéis vivos formam a Igreja militante.

A absolvição sacramental através da Confissão perdoa a culpa e a pena eterna devido ao pecado, mas ainda resta a pena temporal que deverá ser paga uma parte neste mundo (através da penitência ou indulgências) e no Purgatório onde as almas deverão satisfazer a justiça de Deus e se purificarem para só então poderem entrar no Céu.

Em relação às indulgências, existe a indulgência parcial que perdoa apenas uma parte da pena temporal e a indulgência plenária que perdoa toda a pena temporal devida pelos nossos pecados até aquele momento. O poder de conceder indulgências pertence ao Papa em toda a Igreja, e  ao Bispo, na sua diocese, na medida em que lhe é concedido pelo Papa [2]

Para se obter a indulgência plenária é preciso atender as condições:

- Cumprimento das obras específicas relacionadas à indulgência;
- Que a pessoa esteja em estado de graça (desapego de todo pecado);
- Confissão sacramental, sendo esta no mesmo dia, dias antes ou dias depois da execução da prática indulgenciada;
 
- Comunhão eucarística, convenientemente no mesmo dia
da execução da prática indulgenciada;
- Oração nas intenções do Sumo Pontífice, o Papa, que pode ser um Credo mais um Pai-Nosso e uma Ave-Maria a cada prática.

As almas que estão no Purgatório podem também receber a indulgência plenária durante a comemoração do dia de Todos os Fiéis Defuntos, o Dia de Finados. Além das condições já citadas, o fiel que deseja aplicar a indulgência plenária a uma alma do Purgatório deve:

- Entre os dias 1 e 8 de novembro, visitar devotadamente um cemitério e rezar mesmo que mentalmente pelos defuntos;
- Ou no dia 2 de novembro, visitar piedosamente uma Igreja ou um oratório e recitar um Pai-Nosso e um Credo.

Essa indulgência é direcionada a uma alma determinada. Quando não se tem em mente para qual alma oferecer, pode-se oferecer por aquela que mais precise da misericórdia de Deus. A indulg
ência será plenária entre os dias 1 e 8 de novembro, nos outros dias será parcial.

Diante do estado de decadência moral e religiosa que se encontra a sociedade - mal que hoje se espalha de forma mais rápida e cada vez mais acessível como acontece através da TV por exemplo, e que n
ão poupa nem mesmo o meio religioso, onde parte do clero, afastando-se da tradição católica, acabou trazendo para dentro da santa Igreja as novas modas (comportamento, vestes, etc), que acarretam numa impiedade no culto a Deus, além de doutrinas contrárias à da Igreja de Cristo como as oriundas do marxismo, protestantismo, etc - não é difícil concluir que dentre aqueles que tem suas almas salvas após a morte, a maior parte, influenciados por este mundo adoecido, tem que passar pelo Purgatório para se purificarem.

N
ão há benefício maior que a salvação da alma, sendo assim, o oferecimento de missas, indulgências, sacrifícios e orações pelas almas dos pobres defuntos são os maiores atos de caridade que se pode praticar.

Foi por estas pobres almas que se encontram no Purgatório que a Virgem Santíssima pediu no dia 13 de julho de 1917 a Lúcia em Fátima, que dissesse após cada mistério do Terço a jaculatória: “Ó meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, levai as almas todas para o Céu, principalmente aquelas que mais precisarem”.

Nada se pode fazer pelas almas que estão no inferno e as almas que já estão no Céu não precisam de ajuda; logicamente são as almas do Purgatório - prisão a qual Jesus se refere no Evangelho de S
ão Mateus [3] de onde não se saíra até que se tenha "pago o último centavo"  - que nada podendo fazer em favor de si mesmas, necessitam das orações dos vivos e da misericórdia de Nosso Senhor.

A quase cem anos, a Virgem Santíssima em Fátima lembrou-nos dos meios eficazes para combater os males do mundo e para obter a misericórdia de Deus sobre os vivos e também sobre os fiéis defuntos que sofrem; esses meios s
ão a oração diária do santo Rosário e a penitência. Desse modo, a cada sofrimento que passemos, a cada Terço ou Ave-Maria que rezemos, ofereçamo-los na intenção do alívio do sofrimento destas almas e para que seu tempo lá seja abreviado.
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ORAÇÃO PELOS FIÉIS DEFUNTOS [4]

Derramai, Senhor, vossas bençãos | sobre meus parentes, benfeitores, amigos e inimigos. | Protegei os Superiores que me dignastes, espirituais e temporais | Socorrei os pobres, os presos, aflitos, os viajantes, os doentes e moribundos. | Convertei os hereges, esclarecei os infiéis.
Deus de bondade e misericórdia, | tende também piedade das almas do Purgatório. | Ponde um fim às suas penas, | e dai àquelas por quem sou obrigado a pedir, a luz e o repouso eternos.


DE PROFÚNDIS
(Salmo 129) [5]:

De profúndis clamávi ad te, Dómine. Dómine, exáudi vocem meam. Fiant aures tuæ intendéntes, in vocem deprecatiónis meæ Si iniquitátes observáveris, Dómine: Dómine, quis sustinébit?
Quia apud te propitiátio est et popter legem tuam sustínui te, Dómine. Sustínuit ánima mea in verbo eius: sperávit ánima mea in Dómino, A custódia matutína usque ad noctem, speret Israël in Dómino. Quia apud Dóminum misericórdia: et copiósa apud eum redémptio. Et ipse rédimet Israël ex ómnibus iniquitátibus eius.

V/ Requiem ætérnam dona eis, Dómine.
R/ Et lux perpétua lúceat eis.
V/ Domine, exaudi orationem meam.
R/ Et clamor meus at te veniat.

Oremus: Deus, véniæ largítor et humanæ salútis amátor quæsumus clementiam tuam; ut nostræ congregationis fratres, propínquos et benefactóres, qui ex hoc sæculo transierunt, beáta Maria semper Vírgine intecedente cum omnibus sanctis tuis, ad perpétuæ beatitúdinis consortium perveníre concedas. Per Christum Dominum nostrum.

R/ Ámen.
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Do mais profundo do abismo clamei a Vós, Senhor. Senhor, ouve a minha voz. Estejam atentos os Vossos ouvidos à voz da minha súplica. Se examinares, Senhor as nossas iniquidades, quem, Senhor, poderá subsistir?
Mas em Vós se acha a clemência, e por causa da Vossa Lei pus em Vós, Senhor, a minha confiança. A minha alma está confiada na Vossa palavra; a minha alma espera no Senhor. Da vigília da manha até a noite, espere Israel no Senhor. Porque no Senhor está a misericórdia, e há n’Ele copiosa redenção. E Ele mesmo redimirá Israel de todas as suas iniqüidades.

V/ Dai-lhes, Senhor, o descanso eterno.
R/ E que a luz perpétua os ilumine.
V/ Senhor, ouve a minha oração.
R/ E chegue até Vós o meu clamor.

Oremos: Ó Deus, distribuidor de dons e amoroso Salvador dos homens, nós suplicamos a Vossa misericórdia, a fim de que, pela intercessão da Bem-aventurada Sempre Virgem Maria e de todos os Vossos santos, concedais a todos os nossos irmãos, próximos e benfeitores, que partiram desse mundo, que alcancem a possessão da eterna bem-aventurança. Por Cristo Nosso Senhor.

R/ Amém.



Notas:
1. Catecismo Maior de São Pio X, Capítulo X, § 1º -  Da Igreja em geral, Questão 146.
2. Catecismo Maior de São Pio X, Capítulo VI, § 10º - Das indulgências, Questão 796. 
3. São Mateus V, 25-26.
4. LEFEBVRE, Dom Gaspar. Missal Quotidiano e Vesperal, 1940.
5. Livro de Orações. Editora Permanência.

Referências (online):

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