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quinta-feira, 13 de outubro de 2016

O dia em que o Sol "bailou" no céu de Fátima

      A 99 anos, no dia 13 de outubro de 1917 em Fátima, Portugal, se deu um dos acontecimentos mais extraordinários que se tem conhecimento. Um evento sobrenatural, um milagre testemunhado por aproximadamente 70 mil pessoas, quando o sol pareceu "dançar" no céu onde o "globo de fogo pareceu tremer, sacudir-se e precipitar-se em zigue-zague, avançando sobre a multidão"[1] fazendo a mesma tremer de pavor e achar que se tratava ali do fim de tudo, do fim do mundo. “Salvai-nos, Jesus! Nossa Senhora, salvai-nos!”[2] gritavam. Alguns desses que ali estavam eram compostos por anticatólicos e incrédulos que lá estavam apenas para caçoar das aparições mas que, perplexos e temendo por suas vidas e suas almas, logo se viram obrigados a mudar de atitude.

      C
hoveu muito aquele dia, fazendo com que o local ficasse coberto por lama e muitas das pessoas com com suas roupas encharcadas, mas ao fim dos aproximadamente 10 minutos de duração do milagre, tudo havia subitamente secado. A energia, o calor necessário para tal feito, seria tanto que teria queimado a todos que ali se encontravam, mas a única coisa percebida por quem estava presente, foi o ar ter ficado um pouco mais quente. Tratou-se de algo realmente extraordinário e impossível de ser explicado por meios humanos, um verdadeiro milagre.

      Todos estes acontecimento foram registrados pelos jornais locais, jornais que inclusive eram anticlericais, anticatólicos, como o caso do jornal liberal "O Século". Foram colhidos relatos à época em que também pessoas que estavam a quilômetros de distancia do local do milagre, viram o comportamento estranho do sol no céu.


      Tudo isso se tratava do que ficou conhecido como o "Milagre do Sol", durante a sexta e última aparição de Nossa Senhora em Fátima. Antes, no dia 19 de agosto daquele ano a Virgem Santíssima apareceu às crianças pedindo-lhes que continuassem a rezar o Terço todos os dias e a irem à Cova da Iria no dia 13 de cada mês e que no último mês das aparições Ela realizaria um milagre para que todos cressem. As crianças deveriam ter se dirigido ao local das aparições a 13 de agosto mas no caminho foram raptadas e colocadas numa cela de prisão por Arthur de Oliveira Santos, um maçom conhecido como "latoeiro" e Administrador do Conselho de Vila Nova de Ourém, que era a autoridade do local. As crianças foram soltas apenas no dia 15 de agosto, Festa da Assunção de Nossa Senhora. Pessoas que aguardavam as crianças no local no dia 13 contaram que "viram, em seguida (após o estrondo de um trovão), um relâmpago e, ao longe, na direção do leste, a flutuar sobre as cabeças, uma nuvenzinha frágil, muito branca, transparente e leve, que pairou lentamente por uns instantes sobre a azinheira"[3]. Era a Virgem que como dissera que faria, retornou à Cova da Iria. "Não há dúvida que a Senhora veio, mas não encontrou as crianças"[4] disse Maria Carreira, uma das testemunhas do Milagre e que mais tarde se tornou zeladora do Santuário de Fátima.

      Abaixo, um trecho sobre os acontecimentos daquele 13 de outubro, contidos no livro escrito pelo historiador William T. Walsh que, anos depois (1945) pôde entrevistar a Irmã Lúcia no convento das Irmãs Doroteias em Vilar, Portugal. 

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     Uma massa escura de inúmeros guarda-chuvas pretos, chapéus encharcados e cobertores pingando, aglomerava-se de tal modo entre a estrada e a azinheira, que as crianças não puderam atravessar a multidão a não ser com o auxílio de um chofer que tomou Jacinta aos ombros e ia gritando: "Deixem passar as crianças que viram Nossa Senhora!"
      Tio Marto seguia logo atrás com Lúcia e Francisco. Ao chegarem no lugar das aparições, tio Marto surpreendeu-se de aí já encontrar tia Olímpia.. Havia se esquecido completamente dela, na preocupação do acompanhar Jacinta. "A minha Olímpia ficou lá para outra banda, nem sei para onde", confessa.
      Em todo o caso, lá estava eia ao pé da azinheira, que Maria Carreira havia ornado lindamente, junto à sua mesa de esmolas, debaixo de guirlandas de flores. O povo, em expectativa, dirigia-se para diante e para trás, balançando os guarda-chuvas, aconchegando-se uns aos outros para se aquecerem. Ansiosos esquadrinhavam o céu. Ouvia-se a cadência rítmica do terço rezado em voz alta. Um dos padres que passara a noite toda na chuva e na lama rezava agora o Breviário e, de tempos em tempos, consultava nervosamente o relógio. Virou-se nesse instante para os pequenos e perguntou-lhes a que horas viria Nossa Senhora.
      "Ao meio-dia", respondeu Lúcia. Olhou novamente para o relógio e disse despeitado: "Já é meio-dia. Nossa Senhora não é mentirosa! Vamos a ver!"
      Quase toda a multidão rezava agora o terço. "Ave, Maria, cheia de graça... Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores"...
      "Fechem os guarda-chuvas!" gritou Lúcia sem que soubesse por quê. E, um por um, os presentes obedeceram apesar de a chuva continuar caindo. “Fechem os guarda-chuvas!” dizia um para o outro. E todos esperavam pacientemente na chuva.
      Passaram-se alguns instantes. O padre tira outra vez o relógio.
     “Já passou do meio-dia”, disse, com triste intenção: “Tudo daqui para fora! Isto tudo é uma ilusão!”
      Começou a empurrar os três pequenos com as mãos, se não falha a memória de Maria Carreira. Lúcia, quase a chorar, recusou sair do lugar.
      “Quem quiser ir-se embora, que se vá! Mas eu não vou! Nossa Senhora disse-nos que vinha. Veio das outras vezes e havemos de vê-la agora outra vez”. Entre os espectadores ouviam-se queixas, murmúrios de desapontamento e lamúrias. Então, repentinamente, Lúcia olhou para o nascente e disse a Jacinta: “Ó Jacinta, ajoelha! Já lá vem Nossa Senhora! Já vi o relâmpago”.
      “Vê bem, filha!
" Era a voz aguda de Maria Rosa. “Olha que não te enganes!”
      Lúcia nem ouviu a recomendação. As pessoas mais próximas notaram que as faces se lhe tomavam mais coradas e d e uma beleza transparente. Olhava agora arrebatada para a Senhora que estava, em meio a uma torrente de luz, sobre as flores que Maria Carreira arranjara no cepo da azinheira. Jacinta e Francisco, um de cada lado, fixavam o mesmo ponto, ambos radiantes, e completamente alheios à multidão.
      - “Que é que Vossemecê me quer?” Lúcia ajoelhava-se com os outros. A chuva fina caía-lhe no rosto voltado para o céu.
      - “Quero dizer-te que façam aqui uma capela em minha honra. Sou a Senhora dos Prazeres. Continuem a rezar o terço todos os dias. A guerra vai acabar-se e os soldados voltarão em breve para suas casas”.
        - “Tenho muita coisa a pedir”, disse Lúcia. “A cura de alguns doentes, a conversão de alguns pecadores...”
      - “Alguns sim, outros não. É necessário que se emendem e peçam perdão dos seus pecados”.
      Seu semblante tomou um ar tristonho: “Não ofendam mais a Nosso Senhor que Ele já está muito ofendido”.
      A Senhora dos Prazeres abriu as mãos tão brancas, como das outras vezes, e pareceu a Lúcia que o esplendor que delas saía, subia até onde devia estar o sol e se refletia com mais brilho que o fulgor da luz solar. Foi nesse instante, talvez, que a multidão viu as nuvens se entreabrirem como duas cortinas enormes e o sol aparecer entre elas, no azul do céu, como um disco luminoso. Certamente, muitos ouviram Lúcia gritar: “Olhem para o sol!” Disse isso em êxtase e não se recorda mais. Estava inteiramente absorvida em outra visão no lugar onde estivera o sol.
      Assim que Nossa Senhora desapareceu no esplendor que se irradiava de suas mãos abertas, lá no zênite apareciam três quadros, simbolizando, um após outro, os mistérios gozosos, dolorosos e gloriosos do Rosário. O primeiro era uma representação da Sagrada Família: Nossa Senhora vestida com a tradicional veste branca, um manto azul, e São José um pouco atrás, segurando o Menino Jesus nos braços. São José, também de branco, e o Menino Jesus de vermelho claro.
      Lúcia ouviu dizer: “São José vai abençoar-nos” Todos três viram esta primeira visão e viram o Santo traçar três vezes o sinal da cruz sobre a multidão. O menino Jesus fez o mesmo.
      Somente Lúcia viu a visão seguinte: Era Nossa Senhora das Dores, vestida de escuro, como quer a tradição. A Mater Dolorosa da Sexta-feira Santa, mas sem a espada no peito.
      Perto Dela estava Nosso Senhor, acabrunhado de dor, quando se encontra com Ela no caminho do Calvário. Lúcia via apenas a parte superior do Corpo de Nosso Senhor. Olhava compassivamente para esse povo, por quem tinha dado a vida, e traçou um sinal da cruz, para abençoá-lo.
      A Virgem tornou a aparecer numa terceira visão gloriosa, como Nossa Senhora do Carmo, coroada rainha do Céu e da Terra, com o Menino Jesus no colo.
      A multidão nada vira; pelo menos não se levou a sério nem se averiguou o boato de que alguns haviam visto a Senhora. O que todos presenciaram, de fato, foi algo de estupendo que nunca se vira, quase apocalíptico.
      O sol brilhava no zênite como se fora um imenso disco de prata. Brilhava com intensidade tal que nunca se vira e, no entanto podia ser fitado sem que ofuscasse. Até era delicioso ficar assim, contemplando essa luz que não cegava. Isto durou apenas um instante. Enquanto todos olhavam assombrados, a imensa bola começou a “dançar” - é a palavra empregada pelos observadores. Qual gigantesca roda de fogo, o sol girava agora rapidamente. Parou depois de algum tempo. Novamente começou a rodar sobre si mesmo, vertiginosamente, numa velocidade incrível. Finalmente os bordos tornaram-se escarlates e deslizou no céu um como redemoinho infernal espargindo chamas vermelhas de fogo. Essa luz refletia-se na terra, nas árvores, nos arbustos, nas próprias faces voltadas para cima e nas vestes, tomando tonalidades brilhantes e diferentes cores: verde, vermelho, alaranjado, azul, violeta, as cores todas do espectro solar. Animado três vezes de um movimento louco, o globo de fogo pareceu tremer, sacudir-se e precipitar-se em zigue-zague, avançando sobre a multidão.
      Um grito de terror saiu dos lábios de centenas de pessoas apavoradas que se ajoelhavam na lama pensando ter chegado o fim do mundo. Algumas atestam que o ar se tornou mais quente nesse instante. Não se admirariam se vissem as coisas todas em volta consumir-se em chamas envolvendo-os e consumindo tudo.
      - “Ai Jesus, vamos todos morrer aqui!”      - “Salvai-nos, Jesus! Nossa Senhora, salvai-nos!”    - “Ó meu Deus, pesa-me de Vos ter”... E alguém começou o ato de contrição.    Alguns, dos que tinham vindo para caçoar, prostraram-se por terra, entre soluços e orações patéticas.
O Marquês da Cruz exclamava: “Ó meu Deus! Quão grande é o Vosso poder!”
      Durou isso talvez uns dez minutos. Logo depois viram todos, o sol começar a saltar da mesma maneira, em zigue-zague, até onde havia aparecido antes. Ficou então tranqüilo e brilhante. Ninguém mais lhe pôde suportar o fulgor. Era novamente o sol de todos os dias.
    O povo entreolhava-se com alegria e assombro. “Milagre, milagre! As crianças tinham razão! Nossa Senhora fez o milagre! Bendito seja Deus! Bendita seja Nossa Senhora!” E os clamores repercutiam por toda a Cova da Iria. Alguns riam. Outros choravam de alegria. Muitos notaram que as vestes a pouco ensopadas haviam secado subitamente.
      Avelino de Almeida transcreve o ocorrido, em o “O Século” de 17 de outubro, como um espetáculo único, e, inacreditável, se não se tivesse presenciado... “Via-se a multidão imensa voltada para o sol que se mostrava sem nuvens, em pleno meio-dia. O astro do dia lembrava uma placa de prata e era possível fitá-la sem o mínimo esforço. Não queimava. Não cegava. Parecia dar-se um eclipse. Mas eis que se levanta um alarido colossal e aos espectadores que se encontravam mais perto ouve-se gritar: <<Milagre! Milagre! Maravilha! Maravilha!>>”
      “Aos olhos deslumbrados daquele povo, cuja atitude nos transporta aos tempos bíblicos e que, pálido de assombro, cabeça descoberta, contempla o azul do céu, o sol se pôs a tremer com movimentos bruscos, nunca observados anteriormente e fora de todas as leis cósmicas. O sol “bailou” segundo a típica expressão dos camponeses... Um velho, de estatura e de fisionomia meiga e enérgica ao mesmo tempo, que lembrava Paul Deroulède, voltado para o sol, recita o Credo, do princípio ao fim, em voz clamorosa. Perguntei quem era. É o Senhor João Maria Amado de Melo Ramalho da Cunha Vasconcelos. Vi-o depois dirigir-se aos que o rodeavam de chapéu na cabeça, suplicando-lhes veementemente que se descobrissem diante de tão extraordinária demonstração da existência de Deus. Cenas idênticas se repetem por toda parte...”
      “Perguntam-se uns aos outros se viram alguma coisa e o que viram. O maior número afirma que viu o tremor e a dança do sol. Outros, porém, declaram ter visto o rosto risonho da própria Virgem. Juram que o sol girou sobre si mesmo, como uma roda de fogo de artifício. Pareceu baixar quase a ponto de queimar a terra com seus raios... Há quem diga que o viu mudar sucessivamente de cor...”
      “Eram quase três horas. O céu estava límpido e o sol seguia seu curso com o brilho habitual. Ninguém mais o ousava fitar diretamente. E os pastorinhos?... Lúcia, a que fala à Virgem Maria, anuncia com expressões teatrais, nos braços de um homem que a carrega de grupo em grupo, que a guerra vai terminar e os soldados voltarão para suas casas. Tal notícia, contudo, não aumenta a alegria dos que a ouvem. O Sinal celeste é tudo para eles. Há muita curiosidade, entretanto, para ver as duas meninas coroadas de rosas. Alguns procuram beijar as mãos das 'santinhas'. Uma delas, a Jacinta parece estar mais prestes a desmaiar do que dançar. Mas, o que todos desejavam - o Sinal no Céu – bastou para satisfazê-los e enraizá-los na fé simples de bretão."
       “Dispersaram-se a seguir, rapidamente, sem incidentes e sem ser necessária a mínima intervenção da patrulha policial. Os peregrinos que partiram primeiro para chegar a tempo são os que chegam primeiro, com os sapatos à cabeça ou pendurados dos ombros. Partem com alma alegre, espalhando a boa-nova pelos lugarejos, que se não despovoaram todos para ir à Cova. E os padres? Alguns mostraram-se em cenas, colocando-se, de preferência, mais entre os curiosos do que entre os peregrinos, ávidos de favores celestes. Talvez, de vez em quando, não soubessem o que fazer para não revelar a satisfação que transparece, quase sempre, no semblante dos que triunfam... Aos competentes cabe a explicação da dança macabra do sol que, hoje, em Fátima, fez explodir hosanas do coração dos crentes e impressionou – testemunhas fidedignas o afirmam - até mesmo os livre-pensadores e outras pessoas, absolutamente indiferentes em matéria religiosa, e que vieram a este recanto então famoso”.

      Por toda parte, em Portugal, a imprensa anticlerical se viu obrigada, de fato, a dar testemunhos desse gênero. Em geral, estavam de acordo quanto ao essencial. Segundo escreveu o Dr. Domingos Pinto Coelho, em “A Ordem”: “O sol, umas vezes rodeado de chamas escarlates, outras vezes aureolado de amarelo e roxo embatido, outras vezes ainda parecendo animado de velocíssimo movimento de rotação, outras vezes também aparentando destacar-se do céu, aproximar-se da terra  e irradiar um forte calor”.
      Teorias sobre hipnotismo ou sugestão coletiva foram rejeitadas, quando se pôde evidenciar o fato de que, testemunhas afastadas quilômetros de distância, observarem o milagre. O poeta Afonso Lopes Vieira pôde presenciar o fenômeno, em sua residência de S. Pedro de Moel, a uns quarenta quilômetros de Fátima. Padre Inácio Lourenço contou, mais tarde, como havia visto o fato de Alburita, a dezoito ou dezenove quilômetros de distância. Contava ele, por esse tempo, nove anos de idade. Ele e mais alguns alunos ouviram o povo gritando sobressaltado na rua, diante da escola. Em companhia da professora Dona Delfina Pereira Lopes, eles viram, com estupefação, a rotação e a queda do sol. “Era como um globo de neve a rodar sobre si mesmo”, escreveu. “Repentinamente, pareceu que baixava, em zigue-zague, ameaçando cair sobre a terra. Aterrado, corri a esconder-me no meio do povo. Todos choravam, aguardando, da um momento para outro, o fim do mundo”.
      “Junto de nós estava um incrédulo, sem religião, que tinha passado a manhã toda a caçoar dos simplórios que haviam feito toda essa caminhada a Fátima para se pasmar diante de uma menina. Olhei para ele. Estava como paralisado, assombrado, olhos fitos no sol. Depois, vi-o tremer dos pés à cabeça, e, levantando as mãos para o céu, cair de joelhos na lama, gritando: “Nossa Senhora! Nossa Senhora!”.
      “Entretanto, o povo continuava a gritar e a chorar, pedindo perdão a Deus dos pecados... Corremos depois para as capelas da aldeia que, em poucos instantes, ficaram repletas”.
      “Durante estes longos minutos do fenômeno solar, os objetos em volta de nós refletiam todas as cores do arco-íris. Olhando uns para os outros, um parecia azul, outro amarelo, outro vermelho etc... Todos esses estranhos fenômenos aumentavam o terror do povo. Passados uns dez minutos o sol voltou ao seu lugar, do mesmo modo com que tinha descido pálido ainda e sem esplendor”...
      Inúmeras testemunhas vivem, até hoje, nas redondezas. Conversei com muitas delas o ano passado, inclusive tio Marto e sua Olímpia, Maria Carreira, duas irmãs de Lúcia (Maria dos Anjos e Glória) e muitas outras pessoas da aldeia. Todos relataram-me a mesma história com evidente sinceridade. Ao mencionarem a queda do sol tinham na voz vestígios do terror que experimentaram. O Padre Manuel Pereira d a Silva forneceu-me, substancialmente, os mesmos pormenores: “Ao ver o sol cair em zigue-zague”, disse, “caí de joelhos. Pensei que o fim do mundo tivesse chegado”.
      O fato foi confirmado sem a mínima dúvida. Mas como explicá-lo?
       No mês de maio de 1917, Jacinta e Lúcia contaram ao povo que a Senhora prometera um milagre no dia 13 de outubro, ao meio-dia, como sinal da sinceridade dos pequenos. Repetiram essa promessa por várias vezes e nunca alteraram a história, nem mesmo sob os maus tratos e as perseguições capazes de aterrorizar crianças de dez, nove e sete anos. E nesse mesmo dia, à mesma hora predita por eles, setenta mil pessoas afirmaram ter presenciado o sol girar e ameaçar cair. Tais testemunhas servem para confirmar que as crianças viram a Mãe de Deus e que a essas almas simples da Cova da Iria foi concedido aquilo que aos fariseus, de coração incrédulo e adúltero, foi recusado: o sinal no céu. Foi recusado o pedido porque Cristo via a incredulidade e o adultério em seus corações.
      O Administrador de Ourém nega, até hoje, que algo de milagroso tenha acontecido. Suspeito que também o negaria mesmo se houvesse presenciado o fato. Tal como os fariseus que negaram a ressurreição, depois de terem visto Cristo morrer na cruz, talvez fosse ele capaz de dar alguma explicação racionalista com intuito de livrar-se da humilhação de acreditar.
      Foi removido de seu cargo após o golpe de estado de Sidônio Pais, dois meses depois do milagre. A última notícia dele foi um ferimento que recebeu em Tomar, com a explosão de uma bomba que fazia para atirar contra membros do novo governo.

WALSH, William Thomas. Nossa Senhora de Fátima. 2.ed. São Paulo: Edições Melhoramentos, 1949. p.128-135.
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Foto tirada em 13 de outubro de 1917 com Francisco, Lúcia e Jacinta ao centro sob o arco.

Fotos tiradas antes e depois do Milagre do Sol. Na última foto, (abaixo à direita) Jacinta sendo carregada após o milagre
por um motorista.

Publicação de 17 de outubro de 1917 do jornal "O Século".

Notas:

1. WALSH, William Thomas. Nossa Senhora de Fátima. 2.ed. São Paulo: Edições Melhoramentos, 1949. p.131
2. Ibid. p.131

3. Ibid. p.96
4. Ibid. p.97

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