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quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Nova tradução da Bíblia por bispos alemães não deixa claro a virgindade perpétua de Maria

Por: Jan Bentz, 21 de setembro de 2016
Tradução: Traditio Catholicae

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ALEMANHA, 21 de setembro de 2016 (LifeSiteNews) - Os bispos alemães apresentaram uma nova "Tradução Unificada" da Bíblia que segue uma modernização significativa da língua e será obrigatória a todas as áreas de língua alemã a partir de 2017.

Na terça-feira, a Conferência Episcopal Alemã (DBK) apresentou em Fulda o fruto de muitos anos de trabalho científico: a nova edição da chamada "Tradução Unificada" (Einheitsübersetzung) da Bíblia para o alemão. É chamada de "unificada" porque, a partir da original publicada em 1962 em diante, pretendia-se que estas edições fossem usadas ecumenicamente, unificando católicos e protestantes na Alemanha. O objetivo original, no entanto, foi frustrado em 2005 quando os protestantes regressaram para a tradução de Lutero.

O líder do projeto de pesquisa foi o bispo (hoje emérito) de Erfurt, Joachim Wanke, que explicou que a nova edição é uma "revisão moderada" do texto antigo. Wanke acrescentou que uma tradução é sempre também uma interpretação. A nova edição mostra mais "bravura" ao apresentar "jargão bíblico", disse ele, relatado pelo kath.net.

Segundo a tradição judaica, os nomes pessoais de Deus não podem ser pronunciados, por isso "Yahweh" é substituído por "Senhor" na nova edição. Na verdade, cada parágrafo tem uma mudança, explicou Michael Theobald, presidente da Associação Bíblica Alemã.

Quando o Apóstolo Paulo chama dois novos seguidores [1], estes não se tratam mais de dois homens (na nova edição), Andrônico e Júnias; ao invés vez disso, uma nova descoberta mostrou que aparentemente seria um homem e uma mulher, portanto, Andrônico e Júnia. Isto levou à discussão de que a palavra "apóstolo" deva ser aplicada a mulheres assim como a homens (Nota do autor: em alemão, existem diferentes gêneros da palavra e, geralmente, os ideólogos de gênero insistem em usar as formas masculina e feminina).

Outras mudanças são mais ideológicas.

Mais assustadora é a mudança para a passagem icônica de Isaías (VII,14): "A virgem conceberá e dará à luz um filho" (NIV)[2], agora se irá ler: "A virgem concebeu e dá à luz um filho". A mudança parece sugerir que a virgem de algum modo não é mais virgem (após ter concebido) e ao mesmo tempo remove o impulso profético, mudando as palavras do futuro para o passado. Esta tendência continua e uma nota dos tradutores explica que a palavra hebraica "almáh" significa "mulher jovem" em vez de "virgem", como foi relatado. Esta mudança volta a uma velha - e refutada - disputa de apologistas hebraicos:

“Apologistas judeus argumentam que a palavra hebraica subjacente para ‘virgem’ (‘almáh’) é ambígua e pode alternativamente simplesmente dizer 'jovem'. [...] Nos séculos antes do nascimento de Cristo, uma tradução judaica oficial do Velho Testamento em grego foi feita para o uso dos judeus que já não falavam hebraico. Esta tradução, conhecida como a Septuaginta, usa a palavra grega (‘parthenos’), que inequivocamente significa ‘virgem’.” (Roy Schoeman, A Salvação vem dos Judeus, Ignatius Press 2003, p. 85)

Além disso, a Anunciação segundo Lucas (I, 31) é alterada de "conceber uma criança" para "engravidar".

Theobald explica ainda que uma geral "sensibilidade para o problema de gênero" se manifesta na nova edição. Na principal linha de cartas do Novo Testamento está escrito "irmãos e irmãs" ao invés de (apenas) "irmãos". "Rejeição" na carta de São Paulo se tornará "repúdio"; os atos de Jesus até então chamados de "milagres" serão doravante chamados de "atos de poder". De acordo com Theobald, se pretende ajudar a evitar uma projeção anacrônica [3] do que entendemos serem milagres no tempo de Jesus.

A nova versão da Bíblia irá substituir o texto da edição de 1979 e será utilizada em todos os países de língua alemã: Alemanha, Áustria, Suíça, Luxemburgo, Tirol do Sul e leste da Bélgica. Será obrigatório para uso na liturgia, escola e trabalho pastoral, incluindo catequese. Ao contrário do idioma Inglês, na Alemanha algumas traduções alternativas estão em circulação ativa. O fiel "comum" geralmente não tem qualquer familiaridade com qualquer outro texto da Bíblia além da "Einheitsübersetzung".

Os protestantes na Alemanha irão publicar uma nova versão da tradução de Lutero.

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Comentário:

Algo que se nota em todas essas iniciativas ecumênicas inter-religiosas
é que no final, justamente aqueles que são os únicos que têm autoridade legítima a partir de Cristo e Seus Apóstolos para legislar a cristandade - os bispos católicos - são os que acabam por ceder. Um exemplo disso é o que ocorreu nessa primeira elaboração de uma Bíblia ecumênica de língua alemã, onde ao final de anos deste processo, os protestantes alemães retornaram à versão de Lutero.
Agora, numa nova iniciativa, os bispos alemães
surgem com essa nova tradução.

Acerca da virgindade perpétua de Maria,
a Igreja já chegou a esta conclusão a muito tempo, sendo inclusive o segundo dos quatro dogmas marianos [4], contrariando a errônea teoria protestante de que Maria tivesse tido outros filhos além de Jesus [5].
Apesar dessas novas traduções parecerem a um leitor menos atento algo sem muita significância, por uma falta de clareza podem confundir. Por esse motivo, por adulterações nas traduções é que sempre foi vetado, proibido ao católico usar edições protestantes da Bíblia.

Na própria liturgia católica temos um exemplo bem claro do problema dessas novas e errôneas traduções e do impacto disso, como o que ocorreu quando da elaboração da nova Missa em 1969. Nas palavras da consagração, a expressão latina "pro multis" (por muitos) foi "traduzida" como "por todos". O próprio Cristo ao consagrar o vinho na Santa Ceia usou "por muitos" [6]. Então essa nova tradução não é fiel às palavras de Jesus. Sobre isto, o Papa Bento XVI requisitou o retorno à expressão "pro multis" mas, pelo menos no Brasil como se nota, ainda está sendo usado o "por todos".
Ainda na liturgia, e isso na "tradução" brasileira feita pela CNBB, o termo "Ele está no meio de nós" n
ão corresponde à tradução correta  desta resposta na Missa. O correto é "E com o vosso espírito", do latim "et cum spírito tuo".

Maria é imaculada, Quem n
ão conheceu nem foi manchada pelo pecado. Durante séculos os católicos atestaram isso em suas súplicas na  oração  penitencial - o Confiteor (confesso) - que em sua forma tradicional latina diz: "Confesso a Deus Todo-poderoso, à bem-aventurada SEMPRE Virgem Maria, (...)", mas que durante as reformas litúrgicas após o Concílio Vaticano II, nesta oração, na sua forma da nova Missa, a palavra "sempre" foi retirada.

Notas:

1. Romanos XVI, 7.
2. New International Version, versão de língua inglesa da Bíblia.
3. Anacrônico: em  desacordo com os costumes de uma época.
4. Os quatro dogmas marianos são:
   1º: Maria Mãe de Deus, proclamado pelo Concílio de Éfeso em 431, "por ter concebido humanamente o Filho de Deus em seu seio" (DS 251).
    2º: Maria sempre virgem, p
roclamado em 649 no Concílio de Latrão, tendo por base a profecia (Isaías VII, 14) e os Evangelhos (São Lucas I, 34-35; São Mateus I, 20).
    3º:  Imaculada Conceição de Maria, que "por uma graça e favor singular de Deus onipotente e em previsão dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, a bem-aventurada Virgem Maria foi preservada intacta de toda a mancha do pecado original no primeiro instante da sua conceição" (DS 670), proclamado em 1854 pelo Papa Pio IX. Quando apareceu em Lourdes em 1858 à Santa Bernadete, Nossa Senhora se revelou: "Eu sou a Imaculada Conceição".
   4º: Assunção de Maria ao Céu, que "preservada imune de toda a mancha da culpa original, terminado o curso da vida terrena, foi elevada ao céu em corpo e alma e exaltada pelo Senhor como rainha, para assim se conformar mais plenamente com o seu Filho, Senhor dos senhores e vencedor do pecado e da morte" (DS 3903), proclamado pelo Papa Pio XII em 1950.
5. Os protestantes usam a expressão "irmãos de Jesus" para tentar provar que Maria tivesse tido outros filhos após Jesus, mas em hebraico o termo irmão é utilizado para se tratar de primos por exemplo, já que em hebraico não existe essa palavra ou para outro parentesco como se vê em exemplos na própria Bíblia (Gênesis XII, 5 e 11; 28-31. Gênesis XIII, 8; Gênesis XXIX, 13 e 15; Levítico X, 4; 1 Cronicas XXIII, 22).
Os irmãos de Jesus referidos na Bíblia (Tiago, José, Judas e Simão) s
ão filhos de Alfeu (São Mateus X, 3; XXVII, 56; São Judas I, 1) cuja transcrição em hebraico significa Cléofas, que era esposo da irmã da Mãe de Jesus e que também se chamava Maria (São João XIX, 25). Portanto estes na verdade eram primos de Jesus.
6. São Mateus XXVI, 27-28; São Marcos XIV, 24).

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