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quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

O Sequestro do Natal

    Nos dias de hoje de pós Vaticano II e suas mudanças e das revoluções culturais das décadas de 1960 e 1970, etc, é espantoso o estado em que se encontra a maioria absoluta dos católicos no que tange aos conhecimentos até mesmo básicos da Fé católica, sua Doutrina, Mandamentos, etc. E isso não é apenas por falta de catequese, pois muitos dos próprios catequistas encontram-se nesse estado, pois à semelhança de muitos sacerdotes, parecem estar mais preocupados em disseminar o venenoso ecumenismo inter-religioso do que afirmarem sua Fé, a única e verdadeira Fé em Cristo, que pertence exclusivamente à Sanctam, cathólicam et apostólicam Ecclésiam¹

    Daí o porquê da maior parte destes não verem nenhum problema no laicismo do Estado. Acham estes, que esse laicismo apenas dá direitos² iguais às pessoas, de poderem viver suas crenças pacificamente, e que isso não afeta a sua própria crença. Obviamente estão grandiosamente enganados.

    A 'laicização' do Estado não apenas prejudicou os que têm fé, mas também aqueles que não a tem ou que a tem baseada numa falsa religião não católica, pois se nem o Estado promove a fé (católica), reduz-se bruscamente as chances de ao menos por “tabela” esse não católico ter contato com a verdadeira fé e conseqüentemente obter sua salvação.

    Quando um filho não se vê mais obrigado a acatar as regras dentro de casa e os bons ensinamentos dos seus pais e é tentado a seguir somente seus particulares instintos, não tendo ainda maturidade suficiente pra isso, ele tende a ir por caminhos que poderá o levar à perdição. Do mesmo modo, quando a sociedade abdica do regimento do seu Criador e Senhor, e começa a construir seu destino em cima dos seus próprios conhecimentos e limitações naturais e instintivas humanas, o fim é o mesmo que o do filho que renega o conselho sábio dos seus pais.

    Eu quis fazer primeiramente essa menção do laicismo do Estado, devido ao grande peso que isso tem no que acontece hoje na sociedade, nessa questão da retirada de Deus da vida pública, pelo menos nos países antes oficialmente católicos, e que se reflete mais nitidamente na época do Natal.

    De uma maneira geral, justamente no Natal, Cristo foi verdadeiramente retirado da vida pública. Pior, Cristo não apenas foi retirado da vida pública, mas Lhe foi até mesmo seqüestrado, roubado Seu dia; o dia do Seu divino nascimento.

    Poderia colocar toda a culpa na figura comercialmente fabricada do Papai Noel que hoje tomou totalmente o lugar de Cristo nas comemorações e em todo o simbolismo do Natal, principalmente no Ocidente, mas a questão vai além disso.
   
    Desde o século XX e hoje já no século XXI, Cristo mesmo que formalmente ainda seja tido como a razão do Natal, na prática, Ele é tratado como se fosse uma figura mítica, proveniente de um conto de fadas.     
    Para uma criança pertencente a uma família mesmo que católica, mas que não frequenta regularmente a Missa, não seria nem um pouco absurdo imaginar que para essa criança, Papai Noel seja mais real que o próprio Jesus Cristo. E se lembrarmos e constatarmos que mesmo no meio clerical católico, não são poucos os padres que tem um pensamento semelhante, a situação é ainda mais grave. Mas, como pode isso? Simples, no caso destes (padres) é sabido que muitos não creem na presença real de Cristo na Eucaristia e também não creem nem tratam a santa Missa como um sacrifício, mas apenas como uma lembrança, como uma ceia festiva, uma "festa" como ouvi esses dias de um padre na Missa, em nome de Jesus, assim como teimava Lutero - embebido por suas heresias - em acreditar.
    Tudo isso fruto do modernismo que é “a síntese de todas as heresias” como afirmava São Pio X.

    Independentemente das origens culturais de alguns símbolos utilizados na época de Natal, desde que, através da Igreja Católica, a sociedade deixou de ser pagã e tornou-se oficialmente cristã, essa sempre foi e será a época, o dia do nascimento do Salvador das nações, que é Cristo; negar ou esquecer-se disso é o mesmo que querer voltar à época pagã sem valores e sem moral onde imperava o caos, pois todos os valores familiares e a moral que por séculos aprendemos a respeitar não é uma construção humana, mas divina através do que foi ensinado pela nossa Igreja desde os Apóstolos.

    Hoje é triste lermos coisas do tipo “energia do Natal” ou “que Papai Noel lhe traga saúde” como recentemente assisti num programa esportivo onde a apresentadora se referia a um mulher que estava passando por um câncer. Ou seja, o Natal deixa de ser uma data santa para se tornar uma comemoração apenas humana; o Natal é tratado de uma forma exotérica onde Cristo não tem mais lugar de destaque e adoração, mas apenas mais um elemento natalino entre outros.
    
    É realmente belo, inspirador e até emocionante, principalmente quando somos crianças toda a decoração, as luzes, as árvores de Natal; acho verdadeiramente esse clima maravilhoso e de forma alguma pessoalmente seria contra essa cultura, mas apenas insiste-se que isso seja oferecido e que acima de tudo seja posto em destaque a Quem de direito que é Cristo.

ADESTE fideles laeti triumphantes; venite, venite in Bethlehem; Natum videte Regem Angelorum:
R/. Venite, adoremus, venite, adoremus, venite, adoremus Dominum.

Vinde fiéis, alegres e triunfantes; vinde, vinde a Belém. Vede, nasceu o Rei dos Anjos.
R/. Vinde e adoremos, vinde e adoremos, vinde e adoremos o Senhor.


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¹ Santa, católica e apostólica Igreja: trecho do Credo Niceno-constantinopolitano;

² O erro não tem direitos. É isso o que ensina entre outros, o Papa Leão XIII, o mesmo que criou a oração de São Miguel Arcanjo a ser rezada no final de cada Missa após uma visão que teve sobre os planos do demônio em destruir a Igreja. Na sua Encíclica "Libertas" o Papa expressou:
“como, pois, é necessário que haja na Sociedade Civil a profissão de uma religião, deve professar-se a única que é verdadeira, e que, sem dificuldade, especialmente nas sociedades católicas, se reconhece porquanto nela são visíveis os caracteres de sua verdade.”

Também Pio XII em sua alocução "Ci Riesce" diz que:
“o desvio moral e religioso deve ser sempre impedido, quando é possível, porque a tolerância é em si mesma imoral — não pode ter direito na sua totalidade incondicional.”

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