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quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Fátima, Portugal e a Virgem Maria

Fonte da imagem: Página Essence Turismo

Poucos países têm uma ligação histórica tão forte com o Catolicismo e com Nossa Senhora como Portugal e é algo que vem desde suas origens como nação.
O texto a seguir foi extraído e traduzido do livro 'Sister Lucia: Apostle of Mary’s Immaculate Heart' (Irmã Lúcia: Apóstolo do Imaculado Coração de Maria), escrito pelo escritor católico Mark Fellows e relata de forma breve o surgimento da cidade de Fátima, do reino de Portugal e suas ligação com a Mãe de Nosso Senhor, a Santíssima Virgem Maria.
O autor também escreveu os livros ‘The Ninth Pius’ (Pio Nono) sobre a vida do Bem-aventurado Papa Pio IX, ‘A Second Coming‘ (Uma Segunda Vinda) sobre o Santo Sudário de Turim e ‘Fatima in Twilight’ (Fátima no Crepúsculo), além de ter contribuído para o livro ‘The Devil’s Final Battle’ (O Derradeiro Combate do Demônio), esse último com edição também em português. Fellows também escreve artigos para os jornais católicos The Remnant e Catholic Family News.

As notas de rodapé e destaque em negrito são deste blog.

“ É uma fonte de admiração para alguns que a Virgem Maria tenha aparecido em um lugar remoto como Fátima, Portugal e tenha dedicado Sua atenção a três desconhecidas e analfabetas crianças camponesas portuguesas.
(...) O Céu não raciocina como os homens. A Palestina era também uma remota e ampla parte desconhecida do mundo, mas o Filho de Deus quis nascer, sofrer uma morte terrível e ascender à glória lá. Na verdade, Palestina e Portugal são semelhantes em forma e tamanho. A parte de Portugal que Nossa Senhora agraciou também é semelhante à Palestina: árida, rochosa, difícil de cultivar, povoada por oliveiras e figueiras e com uma abundância de uvas.
A pequena cidade de Fátima diz-se que foi nomeada com o nome de uma princesa moura[1] que foi capturada por soldados portugueses durante a Reconquista[2]. Seu captor, Gonçalo Hermingues, trouxe Fatima ao rei de Portugal, Dom Afonso Henriques, e pediu sua mão em casamento. Rei Alfonso concedeu o seu pedido com a condição de que Fátima se convertesse ao Cristianismo.
Fátima consentiu o casamento, se converteu ao Cristianismo e foi batizada com o nome de Oureana. Alfonso deu ao casal um feliz e generoso presente de casamento: a cidade de Abdegas, que foi renomeada como Oureana em honra da noiva.
Não foi um longo casamento. Fátima morreu em uma idade jovem, e Gonçalo com o coração partido se juntou a uma Abadia Cisterciense nas proximidades e se tornou um monge. Anos mais tarde, Padre Gonçalo foi nomeado Superior de um mosteiro vizinho. A capela foi construída lá e foi onde Gonçalo enterrou os restos mortais de Oureana. Ele chamou o lugar de Fátima, e a capela, ao longo dos séculos, tornou-se a igreja paroquial de Fátima, onde Lúcia dos Santos e os seus primos Francisco e Jacinta Marto faziam sua adoração quando crianças.
Enquanto isso, o rei Alfonso foi reconquistando Portugal para o Cristianismo. Depois de muitos anos e reversões de sucessos, Alfonso expulsou os mouros de Portugal. Sua próxima batalha era conseguir independência política da Espanha, pois Afonso de Castela reivindicou Portugal como território espanhol.
Alfonso de Portugal astutamente ofereceu seu reino à Igreja, declarou-se vassalo do Papa, e prometeu um tributo anual a Roma. Papa Lucius II aceitou a oferta de Alfonso, tendo Portugal sob sua proteção e reconhecendo-o como um país independente da Espanha. Uma sucessão de papas confirmaram o reinado de Alfonso. O primeiro rei de Portugal era um guerreiro e um político conhecido por sua vida solta. No entanto, Alfonso era um homem de fé, e um amigo de São Bernardo de Claraval, a quem Portugal pagava um tributo anual. Alfonso construiu o mais famoso mosteiro em Portugal em Alcobaça, e dedicou-o à Santíssima Virgem. Ele estabeleceu o mosteiro agostiniano de Santa Cruz de Coimbra, onde Santo Antônio de Lisboa (e Pádua) estudou antes de se tornar um franciscano. Igualmente importante, Alfonso colocou o país sob a proteção da Virgem Maria.
Existe uma lenda em que durante muito tempo os reis de Portugal não usavam coroa, adiando suas realezas terrenas para a celestial Realeza de Maria.
Livre agora dos mouros e da Espanha, os sucessores de Alfonso, ocasionalmente procuraram a independência de Roma. Após algumas batalhas tempestuosas, Portugal permaneceu sob obediência ao Papa. Pode ter sido um alívio para todos quando os portugueses voltaram suas energias em direção ao mar e começaram o enérgico trabalho missionário ao redor do mundo.
Apesar das dores do crescimento de uma nação jovem e violenta, as crianças portuguesas aprendiam em uma idade precoce a rezar suas contas (como do Rosário).
Eles cresceram para serem líderes, como o Rei João que lutou contra os espanhóis em Aljubarrota na vigília da Assunção (ambos os exércitos entraram na batalha em jejum). Muitos afirmaram ter visto Nossa Senhora durante a batalha, que foi vencida pelos portugueses, mesmo eles estando em grande desvantagem numérica. Depois o Rei João ergueu no local da batalha a ‘Abadia da Batalha’ em honra a Nossa Senhora da Vitória.
A pedido de João, o Papa Bonifácio IX declarou que todas as catedrais de Portugal fossem dedicadas em honra de Nossa Senhora. Este decreto foi lido em Lisboa, em 13 de maio, data da primeira aparição de Fátima. ”

Mark Fellows, Sister Lucia: Apostle of Immaculate Mary’s Heart, 2007, p.7-8.




[1] Os mouros são povos de etnia árabe-berbere, praticantes do Islã e oriundos do norte da África, que invadiram parte da Europa a partir da Península Ibérica onde ficam Espanha e Portugal.
[2] Grande ofensiva cristã que recuperou a maior parte da Península Ibérica dos mouros.

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