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terça-feira, 19 de agosto de 2014

A Assunção da Santíssima Virgem Maria

A Assunção da Virgem Maria
(Peter Paul Rubens, 1625)

A 15 de agosto, é celebrada pela Igreja a Festa da Assunção da Bem-aventurada Virgem Maria.
Tendo sido terminado Seu tempo na Terra, a sempre Virgem Maria, Mãe de Deus e concebida sem pecado, foi assunta (levada) de corpo e alma ao Céu. Desse modo, assim como Seu Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, Ela foi preservada da corrupção do sepulcro, vencendo a morte, onde já desfruta da glória celeste.

Já se cria na Assunção de Nossa Senhora pelo menos desde o século V, mas somente no século VII a celebração da Assunção da Virgem Maria foi introduzida na Igreja pelo  então Papa São Sérgio I (687-701), mas como Dormição de Nossa Senhora. No século VIII quando a festa já era celebrada com o nome de assunção, o Papa São Leão IV a oficializou no calendário da Igreja.
Mas, somente durante o pontificado do Venerável Pio XII (1939-1958) a Assunção de Maria foi elevada a uma verdade de Fé.

Como afirmou o próprio Pio XII, há muito já havia sendo pedida à Sé Apostólica que se proclamasse o dogma da Assunção; pedidos que partiam de várias partes do mundo, tanto da parte de leigos como do clero. No próprio Concílio Vaticano I (1869-1870) alguns padres já haviam feito essa petição. Em virtude disso, teólogos começaram a se dedicar ainda mais nos estudos relacionados à Assunção; realizaram-se congressos marianos e até mesmo cruzadas de orações foram feitas.

Dados os pedidos e a importância dessa questão, no dia 1 de maio de 1946, o Papa dirigiu ao episcopado a carta encíclica “Deiparæ Virginis Mariæ” rogando a estes que manifestassem suas opiniões acerca da proclamação do dogma, com a seguinte pergunta:  E, sobretudo, desejamos vivamente conhecer se vós, veneráveis irmãos, julgais, segundo a vossa sabedoria e prudência, que a assunção corporal da bem-aventurada Virgem Maria pode ser proposta e definida, e se o desejais ansiosamente com o vosso clero e povo”.
Dada à quase unanimidade na resposta afirmativa dos bispos, então no Jubileu do ano santo de 1950, no dia 1 de novembro, o Venerável Pio XII definiu de forma solene, ex catedra, em sua Constituição Apostólica Munificentissimus Deus(Generoso Deus) o dogma da Assunção de Nossa Senhora ao Céu.

Assim definiu solenemente o Venerável Papa:

Proclamação do dogma da Assunção
pelo Papa Pio XII
"Pelo que, depois de termos dirigido a Deus, repetidas súplicas, e de termos invocado a paz do Espírito de verdade, para glória de Deus onipotente que à virgem Maria concedeu a sua especial benevolência, para honra do seu Filho, Rei imortal dos séculos e triunfador do pecado e da morte, para aumento da glória da sua augusta mãe, e para gozo e júbilo de toda a Igreja, com a autoridade de nosso Senhor Jesus Cristo, dos bem-aventurados apóstolos S. Pedro e S. Paulo e com a nossa, pronunciamos, declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado que: a imaculada Mãe de Deus, a sempre virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial. (Pio XII, ‘Munificentissimus Deus’, n.44)

Sendo assim, é dogma, portanto verdade absoluta de Fé, de crença obrigatória e incontestável, que a sempre virgem Maria, Mãe de Deus, foi levada de corpo e alma ao Céu.

A declaração de Pio XII não especifica se a Mãe de Nosso Senhor morreu ou se Ela apenas “dormiu” (de onde vem o termo “dormição”que ainda é usado no Oriente).
Não entrando nessa discussão de como terminou a passagem de Maria na Terra, o que ainda é discutido entre os teólogos, a proclamação do Papa limitou-se àpenas afirmar o que sempre foi crido pela Igreja, de que após o fim do Seu tempo na Terra, a Mãe de Deus foi assunta de corpo e alma ao Céu. Com isso, foi determinado o quarto dogma mariano.

Antes, em 8 de dezembro de 1854, o Papa Pio IX através da sua bula “Ineffabillis Deus” (Deus inefável) proclamou o terceiro dogma mariano, o da Imaculada Conceição, o qual afirma que a Santíssima Virgem Maria, já no primeiro instante da Sua concepção foi preservada imune de toda mancha de pecado original.

O segundo dogma refere-se à virgindade perpétua de Maria. Um exemplo do uso da crença nesse dogma, é a referência feita à perpétua virgindade de Maria no missal da Missa de sempre (Missa tridentina), na oração do ‘Confiteor’: "Confiteor Deo omnipotenti, beatæ Mariæ semper Virgini, ...” (Confesso a Deus todo-poderoso, à bem-aventurada sempre Virgem Maria, ...).

O primeiro dogma referente à Virgem Maria, foi determinado no Concílio de Éfeso (431), onde foi atribuído à Maria, o título de “Theotokos”, do grego, que significa Mãe de Deus. Sendo Cristo homem, mas também Deus, Sua santa Mãe então também é Mãe de Deus. Isso confirmou a dupla natureza de Cristo: humana e divina inseparavelmente.

Assim, são estes os atuais dogmas marianos:

Maria, Mãe de Deus (Theotokos);
Virgindade perpétua de Maria;
Imaculada Conceição de Maria;
Assunção de Maria ao Céu em corpo e alma.


Cerimônia de proclamação do dogma da Assunção de Nossa Senhora


Além de estudos teológicos e referências nas Sagradas Escrituras, Pio XII também menciona em sua Carta Apostólica como base para a proclmação do dogma, o que  já diziam sobre o assunto, alguns dos veneráveis santos da Igreja:

"Convinha que aquela que no parto manteve ilibada virgindade conservasse o corpo incorrupto mesmo depois da morte. Convinha que aquela que trouxe no seio o Criador encarnado, habitasse entre os divinos tabernáculos. Convinha que morasse no tálamo celestial aquela que o Eterno Pai desposara. Convinha que aquela que viu o seu Filho na cruz, com o coração traspassado por uma espada de dor de que tinha sido imune no parto, contemplasse assentada à direita do Pai. Convinha que a Mãe de Deus possuísse o que era do Filho, e que fosse venerada por todas as criaturas como Mãe e Serva do mesmo Deus."
(São João Damasceno, "Encomium in Dormitionem Dei Genetricis semperque Virginis Mariae", hom. II, 14)

"Vós, como está escrito, aparecestes 'em beleza'; o vosso corpo virginal é totalmente santo, totalmente casto, totalmente domicílio de Deus de forma que até por este motivo foi isento de desfazer-se em pó; foi, sim, transformado, enquanto era humano, para viver a vida altíssima da incorruptibilidade; mas agora está vivo, gloriosíssimo, incólume e participante da vida perfeita." 
(São Germano de Constantinopla, "In Sanctae Dei Genitricis Dormitionem", sermo 1)

"Quem há, pergunto, que possa pensar que a arca da santidade, o domicílio do Verbo, o templo do Espírito Santo tenha caído em ruínas? Horroriza-se o espírito só com pensar que aquela carne que gerou, deu a luz, alimentou e transportou a Deus, se tivesse convertido em cinza ou fosse alimento dos vermes." 
(São Roberto Belarmino, "Conciones habitae Lovanii", concio 40: "De Assumptione B. Mariae Virginis")

"Que filho haveria, que, se pudesse, não ressuscitava a sua mãe e não a levava para o céu?" 
(São Francisco Sales, "Sermon autographe pour la fête de l'Assomption")

"Jesus não quis que o corpo de Maria se corrompesse depois da morte, pois redundaria em seu desdouro que se transformasse em podridão aquela carne virginal de que ele mesmo tomara a própria carne." 
(Santo Afonso Maria de Ligório, "As glórias de Maria", parte II, disc. 1)

"Esta opinião é admitida há vários séculos e tão impressa na alma dos fiéis, é tão recomendada pela Igreja, que quem negasse a assunção ao céu do corpo de Maria santíssima nem sequer seria ouvido com paciência, mas seria vaiado como pertinaz, ou mesmo temerário, e imbuído mais de espírito herético do que católico." 
(São Pedro Canísio, "De Maria Virgine")



Abaixo, um trecho da filmagem da época, com a proclamação do dogma da Assunção de Nossa Senhora:



Salve sempre virgem Maria, Mãe de Deus e nossa, concebida sem pecado, assunta de corpo e alma, Rainha do céu e da terra!

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